quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ciclistas aprovam ciclofaixas clandestinas nas avenidas de SP

"Para eles, sinalização abre diálogo sobre falta de espaço para bicicletas.
Grupo discorda da CET e diz que pinturas não colocam segurança em risco.
 
Ciclistas defenderam as ciclofaixas clandestinas pintadas em algumas avenidas movimentadas de São Paulo como uma forma de protesto e até uma “provocação para chamar ao diálogo”. O objetivo, obviamente, é despertar a atenção de motoristas para os direitos de quem utiliza a bicicleta como meio de transporte pelas ruas congestionadas da capital. E o recado de quem as pinta tem endereço certo: a Prefeitura de São Paulo e, por extensão, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
 
esta terça-feira (8), o G1 flagrou a sinalização de uma ciclovia clandestina na Ponte Universitária e na Rua Alvarenga, até o acesso à Universidade de São Paulo (USP), na Zona Oeste de São Paulo. No mês passado, uma falsa ciclovia também havia sido pintada na Rua Vergueiro, na região da Avenida Paulista. Por meio de nota, a CET reiterou que esse tipo de sinalização “presta um desserviço aos ciclistas, uma vez que os induz a correrem riscos ao circular em uma faixa que não foi planejada para receber bicicletas nem oferece a segurança necessária”. Devido a isso, a CET informou que a sinalização nestas vias será apagada, “para garantir a segurança dos usuários das vias e evitar possíveis acidentes”.
Quanto à questão da segurança, os ciclistas ouvidos pelo G1 discordam da CET. “Essa ciclofaixa indica a melhor maneira de o ciclista cruzar a Ponte Universitária, dentro das regras estabelecidas pela legislação de trânsito. Se o ciclista seguir a indicação, será o caminho mais seguro para ele”, afirmou o analista de sistemas Willian Cruz, de 36 anos e que desde 2003 utiliza a bicicleta como meio de transporte para ir de casa, na Praça da Árvore, na Zona Sul, a Pinheiros, próximo ao Parque Villa Lobos, na Zona Oeste da capital.
Cruz negou fazer parte do grupo de cicloativistas que pinta as faixas clandestinas. “O que eles estão tentando fazer é uma forma de protesto para ver atendida uma necessidade. E é uma maneira de criar uma situação para dar um pouco mais de segurança para o ciclista”, disse, saindo em defesa dos cicloativistas.
O publicitário carioca Carlos Aranha relata que se sentiu mais seguro ao trafegar com sua bicicleta por uma ciclofaixa clandestina na Rua Bela Cintra, nos Jardins, na região da Paulista, ao retornar de seu trabalho, na Avenida Brigadeiro Faria Lima. O efeito psicológico exercido pela sinalização se reflete em maior respeito aos ciclistas por parte dos motoristas, segundo ele.
“Pedalei por ali achando que era (uma ciclovia) oficial. Foi aí que fiquei sabendo que não era oficial. Mas a ciclovia não prejudicou o trânsito e fez com que os carros respeitassem os ciclistas. (A sinalização) lembra que os motoristas têm que manter distância dos ciclistas, lembra que estes têm direito também de utilizar a via”, afirma

Aliás, ter o direito - previstos no Código de Trânsito - de poder utilizar as vias, a exemplo de motoristas de veículos leves, ônibus e caminhões, é a principal reivindicação de qualquer ciclista. E para atingir tal objetivo, contam com a iniciativa do poder público – no caso, a Prefeitura de São Paulo.
“O poder público ainda não acordou para soluções alternativas. Continua priorizando só soluções para o carro. Quando o problema é coletivo, quem tem que agir é o poder público. O que a gente pede é que façam uma campanha de conscientização. Precisamos de rua e respeito”, reivindica Carlos Aranha.
“O ideal seria que a Prefeitura pintasse essas ciclofaixas e as fiscalizasse. Tirando a ciclovia da Radial Leste (na Zona Leste) e a da estrada da Colônia, que fica muito longe, as que existem são de lazer, que funcionam apenas aos domingos. O ponto principal que a gente tem de passar é a conscientização de que a bicicleta tem o direito de usar a rua”, completa William Cruz.

Provocação
Já para o jornalista carioca João Guilherme Lacerda, de 29 anos, que mora em Pinheiros e trabalha na Vila Madalena, ambas na Zona Oeste da capital, as ciclofaixas clandestinas são “uma provocação” que têm como mérito convocar o poder público “para o diálogo”.
“As ciclofaixas (clandestinas) não são novidade. É bom que existam pessoas que façam isso (pintar as ciclofaixas), para trazer o diálogo. A partir do momento em que há pessoas dispostas a dialogar, a gente pode começar a mudar esta situação. É uma provocação para o futuro”, conclui."
 
Deveríamos provocar por aqui também? Pq tá difícil!

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