quinta-feira, 27 de maio de 2010

Está na moda classificar cidades‏, por J.C.Cascaes

Um post muito interesssante do Cascaes, sobre as "pesquisas", melhor falando "estudos" e suas intenções.

"Está na moda classificar cidades‏

Durante alguns anos trabalhei com meu pai como balconista em uma loja de Blumenau.

Ele era uma pessoa que pensava muito antes de falar (uma prova de que os filhos costumam contrariar os pais) e dava canseira em quem tentava vender qualquer coisa para ele, para a Instaladora de Blumenau.

Um dia apareceu alguém dizendo que a Loja tinha sido escolhida para receber uma honraria, só que o pai deveria pagar os custos da promoção...

Não preciso dizer que ele recusou e depois me explicou, é picaretagem! Fiquei um tanto perplexo, pois a conversa do cidadão, que fez a proposta, era interessante.

O tempo passa e a gente vai percebendo que as espertezas não têm limites, valendo para tudo. Pelos noticiários descobrimos que essa cidade é a mais isso ou aquilo, por exemplo.

Sendo engenheiro fui educado a fazer contas, analisar estatísticas, tentar ver detalhes sutis (trabalhei em manutenção no Setor Elétrico e não é divertido ver as coisas explodirem na nossa frente). Assim começamos a pensar, quantas cidades existem no Planeta Terra? Cidades de gente? Será que essas entidades realmente conhecem todas, mesmo que restrinjam suas pesquisas (maior do tantos habitantes, nesse ou naquele país etc.)? Os analistas gastaram quanto tempo estudando esses locais? Visitaram realmente esses lugares? Andaram pela periferia?

No Brasil mais de seis mil cidades se espalham pela nossa terra. Existem lugares maravilhosos, que nunca ouvimos ou vimos nessas classificações. Por outro lado ficamos perplexos lendo tantos elogios a lugares ruins, ou, pelo menos, não tão bons quanto dizem.

Que entidades são essas, com nomes tão imponentes, que se atrevem a dizer-nos onde está o paraíso? Quem sustenta essa gente? O que pretendem?

Realmente alguns países, estados e cidades são quantificáveis em certos aspectos, pois os números podem, razoavelmente, serem auditados. Outros são puramente subjetivos ou tão precários que serviriam apenas como referência.

Aliás, uma das boas coisas que aprendi na Escola Federal de Engenharia, EFEI, foi a importância das medições e da influência da qualidade desses números em nossas contas. Propagação de erro é coisa séria. Essa lógica tem sido extremamente importante ao longo da vida além do que aprendi sobre Cálculo Estatístico e Probabilístico (na UFSC também, mestrado).

A Matemática é importante, mas acima dela aprendi mais no Colégio Santo Antônio com alguns freis franciscanos (não todos) e meu pai: a importância da honestidade. A honestidade intelectual é um desastre nesses tempos em que tantas fundações distribuem dinheiro para estudos, cujas conclusões interessam a eles. Assim vemos “cientistas” aparecendo entusiasticamente falando a favor ou contra alguma coisa após “pesquisas” profundas, que só eles entendem ou a claque de sempre.

Precisamos exigir, cobrar e punir com rigor as pesquisas mal feitas, os “estudos” mal intencionados, as lógicas ilógicas. Temos questões importantíssimas a resolver, precisamos de atenção a esses problemas e não devemos nos distrair com teses mal intencionadas."

Cascaes
26.5.2010

Um comentário:

  1. parece-me ate uma cidade por ai:
    http://bikevita.blogspot.com/2010/04/curitiba-pode-ser-considerada-cidade.html

    http://bikevita.blogspot.com/2010/04/curitiba-e-eleita-cidade-mais.html

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