quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Por trás dos laboratórios – Parte 2

3. OS DEFENSORES | Esses atos desumanos que acontecem por trás dos laboratórios tem preocupado muita gente, aqueles que possuem sensibilidade, que ao se juntarem formaram grupos, os defensores dos animais. De décadas para cá, a defesa dos animais tornou-se, portanto, a defesa de muitos e está mudando a forma como as pesquisas são realizadas e a finalidade a que estão sendo destinadas. Às vezes para melhor, outras, nem tanto. Não obstante, em todos os casos, o que os cientistas consideram a melhor atitude é adotar a cautela.
Vale dizer que foi somente em 1975 que Peter Singer – filósofo australiano -, ficou realmente tocado ao saber o que realmente acontece por trás das “indústrias” e se perguntou: “O que nos dá o direito de usar animais? Por que podemos sobrepor a nossa vontade à deles?”. Singer concluiu que, a premissa de que podemos usar outros animais simplesmente porque eles não são seres humanos, não tem sustentação lógica ou mesmo biológica. Em seu livro “Libertação Animal”, ele critica o preconceito ligado à espécie, o que ele denomina de “especismo”. O autor afirma que as regras morais deveriam ter por objetivo minimizar o sofrimento. Nessa esteira, muitos animais estão, portanto, em pé de igualdade com os seres humanos, por possuírem também sistemas nervosos capazes de sofrer. Diante desse raciocínio, moralidade deveria negar qualquer experimento que cause dor em animais. Todavia, vale realçar que Singer nunca criticou a morte de animais, contando que ela fosse indolor.
Em 2006, Singer disse à rede britânica BBC “Está claro que pelo menos algumas pesquisas com animais tem benefícios. Eu certamente não diria que nenhuma pesquisa animal poderia ser justificada”, defendendo cautelosamente os experimentos com cobaias. Contudo, a base para os defensores dos animais é e sempre foi os argumentos de Singer relacionados os especismo, sendo sua última entrevista à BBC de pouca relevância à eles.
Nas palavras de David Cantor – diretor-executivo da ONG Responsable Policies for Animals (Políticas Responsáveis para Animais) – : “A nossa posição sobre a experimentação animal e os testes de produtos deriva de nossa posição de que toda a exploração animal deveria ser abolida, que animais não-humanos têm direitos morais que deveriam ser reconhecidos na lei e nos costumes, e que isso deveria eliminar seu status de propriedade.”
Vale ressaltar que os defensores dos animais, com ações organizadas, conduzem protestos e chegaram a se infiltrar em empresas para registrar e denunciar os maus-tratos aos animais. Isto está no documentário brasileiro “Não Matarás”, produzido pelo Instituto Nina Rosa. Nas palavras de Nina Rosa: “Nosso vídeo é dedicado às pessoas que tiveram a coragem de presenciar essas cenas durante meses, até anos, para provar ao público o que se passa dentro dos laboratórios. Elas foram captadas por técnicos que se empregaram em laboratórios com o intuito de denunciar as torturas por que passam os animais ali encarcerados. A fiscalização das condições dos animais é praticamente inexistente.” Convém ponderar que cenas fortes de torturas estão presentes no documentário, como demonstrações de coelhos sendo usados até perder a visão com o objetivo de realizar testes de cosméticos. De acordo com Nina “Gravar cenas como esta torna-se cada vez mais difícil, pois hoje os laboratórios previnem-se contra essa possibilidade, pesquisando a vida pregressa de candidatos a empregados e colocando câmeras para vigiá-los”.
Entretanto, segundo Rosa, agindo com gentilezas não minimizam os maus-tratos. Vale lembrar, que, para os defensores dos animais, a única alternativa aceitável é o fim de todos os testes. “Como se pode minimizar o sofrimento de um animal que foi roubado de seu meio e vai viver e morrer dentro de uma gaiola, sendo utilizado e reutilizado para experimentos dolorosos, em sua maioria sem anestesia (para não interferir nos resultados), sem contato com seus semelhantes, sem estímulo, sem espaço, sem ar natural, sem luz natural, sem liberdade, muitas vezes preso em equipamentos de contenção?”, critica Nina.
REFERÊCIAS BIBLIOGRAFICAS:
- Nogueira, Salvador. 2008. Dublês de Corpo. Galileu – O prazer de conhecer. Editora Globo. 38 – 47.
De Vista-se

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